O que considerar numa nova coleção
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Muitas coleções são encaradas como criações minimalistas que equilibram os estilos clássico e contemporâneo. São peças que se fundem, equilibram, realçam, aparecem e se destacam com calças, camisas, vestidos e saias em modelagem precisa, com detalhes em recortes e novas propostas.
As peças podem e devem ser combináveis entre si podendo complementar outras que a mulher já tem no armário. Afinal, qual é a mulher que nunca teve aquele dia fatídico de abrir o guarda-roupa e achar que não tem nada para vestir?
Uma coleção deve seguir uma linha sem exageros, em que forma e função fazem uma harmoniosa simbiose. As peças não devem ser inequívocas e poderem acompanhar a mulher durante meses por seu design atemporal, matéria-prima de alta qualidade e acabamento superior. Tudo deve ser na medida certa, sem excessos, ou desperdícios. É sempre bom lembrar que as criações podem ser virtuais, mas as pessoas que vão vestir / usar são reais.
É preciso ultrapassar o limiar em que o design se torna a melhor representação da marca, que pode ser jovial, dinâmica, conservadora, mas que deve ostentar sempre um estilo feminino, atemporal, diferente e até sofisticado, mas sem afetação ou exagero. E jamais esquecer que os homens são vigorosos e, do lado oposto, quer os manequins tem novas formas e que o conceito deve sempre refletir o modelo de mulher contemporânea multitarefas.
Montaigne e a Moda
“Somos todos constituídos de peças e pedaços juntados de maneira casual e diversa, e cada peça funciona independentemente das demais. Daí ser tão grande a diferença entre nós e nós mesmos quanto entre nós e os outros”. – Michel de Montaigne, jurista, político, filósofo, escritor, cético e humanista francês, considerado como o inventor do ensaio pessoal (1533 – 1592).
Os croquis de moda muitas vezes nos dão a impressão de que foram desenhados para o nosso tempo, mesmo em séculos passados, tal o frescor e a modernidade de sua forma de pensar e usar. Hoje, como antigamente, as certezas se mostram voláteis e os valores mal iniciaram o processo de consolidação. Vivemos um tempo grávido de futuro, nas dores de um parto que não vem. E nem sabemos dizer minimamente quem somos. Convictos, sempre, do que queremos e do que não queremos, não somos capazes sequer de reunir os nossos fragmentos, projetados cada vez mais num espaço virtual.
A moda aponta para um horizonte seminal de modernidade inspirador através do encontro de antigos e modernos, levados por uma perspectiva aberta, gerando novas obras. E sai pelo mundo como uma mensagem dentro da garrafa, carta fascinante e sem fim, que para em diversos portos e abre infinitas portas e pontos de vista, estimulando novas criações, trazendo novas ideias, gerando novas obras.
Trazer a moda internacional para o cenário nacional, como quem abre aquela garrafa, significa realizar uma tradução de múltiplas interpretações, sem perder a urgência da mensagem. Seus tradutores no Brasil partem da premissa de maior legalidade, mas moda é cultura que muda e se autotransforma segundo o volume das frases e os matizes das palavras, que tantas vezes aproxima e distancia.
Há também um lado menos visível da moda que consiste em reordenar cores , textura e a costura dos períodos, como um laço que envolve, aperta e distribui, e acordo com a conveniência ou preferência, convergindo de dois sou mais universos paralelos, a renovar-se no presente, enquanto espera mudanças e/ou aceitações no futuro.